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domingo, 28 de fevereiro de 2010

RODA DE LEMBRANÇAS - SEPETIBA Memórias dos pescadores

Texto publicado originalmente no site: Ciranda Internacional de Informação Independente em :30 de outubro de 2009 por Bianca Wild e no Jornal do NOPH


RODA DE LEMBRANÇAS - SEPETIBA




Memórias dos pescadores



No dia 25 de outubro de 2009, Sepetiba foi brindada pela presença dos participantes da I Jornada de Formação em Museologia Comunitária realizada pela SMC/ Coord. de Museus, Ecomuseu de Santa Cruz, NOPH, ABREMC, UMCO.



A inclusão do bairro no roteiro da Jornada através da realização da Roda de Lembranças no Centro Comunitário Santo Expedito proporcionou uma imensa alegria para aqueles que realmente defendem Sepetiba, reconhecem a importância do bairro e, principalmente sonham em ver o bairro senão como era antes, ao menos próximo do que desejam.



Os presentes tiveram o prazer de ouvir as narrativas de ícones locais, figuras quase emblemáticas como Seu Erasmo “o velho lobo do mar”, "Seu" Jorge Salviano estrelas de nossa roda de lembranças, além de moradores como Dona Ivonda, esposa de Sérgio Pinto,o próprio Sérgio Pinto, Conceição do Movimento Fé e política, Eliane Roxo (Fé e Política), Willian Coelho uma das lideranças locais, diga-se de passagem, a única a comparecer, infelizmente não pudemos contar com a presença de alguns líderes de organizações do bairro.



Compartilhamos vivências e histórias narrando a Sepetiba “de antigamente” descrevendo como se deu o rápido processo de degradação ambiental, o “esquecimento” das memórias, o desaparecimento das narrativas a respeito da história local dos discursos contemporâneos, e, nos surpreendemos quando uma participante do museu do Folclore de São José dos Campos - SP narrou sua experiência em Sepetiba durante a infância, que lhe causou uma cicatriz no dedo polegar, impressionada com a situação atual do bairro, das praias que ela havia conhecido em 1939 ficou muito emocionada e exaltou a memória local nos incentivando na preservação das narrativas, do meio ambiente e de todo patrimônio material, imaterial, tangível e intangivel que nos resta.



Nada mais justo aqui do que agradecer a Odalice Priosti e a Walter Priosti, aos professores Hugue de Varine e Teresa Morales(INAH-UMCO/México), aos representantes do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto ( Yara Mattos, Bruno Bedim, Kátia Moreira e alunos da UFOP), a Patrícia Berg (UIMCA -RS), Bruno Cruz (NOPH/Ecomuseu), Rafael Muniz do Ecomuseu de Itaipu - PR, aos membros da equipe do Ecomuseu da Amazônia - Belém do Pará e, é claro, não podemos esquecer de agradecer a boa vontade desses homens que sempre lutaram por Sepetiba: "Seu" Erasmo e "seu" Salviano - ao movimento Fé e Política que cedeu o espaço para realização do evento, ao movimento Atitude Sepetiba por ter cedido o Som e o microfone - A presença de Claúdia representando a AMORES - aos poucos moradores (infelizmente) que compareceram prestigiando este evento tão significativo e de suma importância para o bairro.



Além da troca de experiências e do pronto apoio oferecido pelos membros das equipes dos ecomuseus participantes da Jornada, o evento também foi muito importante para nós, moradores de Sepetiba mais contemporâneos, pois ao ouvir os relatos, as narrativas, sentimos despertar um sentimento talvez um pouco adormecido: a auto-estima - enquanto moradores, muitas vezes nos sentimos um tanto o quanto desprezados pelas autoridades e até mesmo por moradores de bairros de outras regiões da cidade do Rio de Janeiro, contudo após a Roda de lembranças, concluímos que a situação de Sepetiba nem sempre foi essa que vemos agora, já tivemos notoriedade, Sepetiba já foi uma região disputada pelos chamados “veranistas” que muitas vezes não conseguiam alugar casas no bairro tamanha a procura, Sepetiba outrora fora freqüentada por figuras importantes, Personagens históricas passaram pelo bairro reconhecendo sua beleza e tranqüilidade, como D. João VI, D. Pedro I, D. Leopoldina, José Bonifácio, o Visconde de Sepetiba, Jean Baptiste Debret dentre muitos outros.



Enfim, as pessoas ao construírem histórias estão construindo a si mesmas e ao outro como seres sociais, pois as narrativas como uma forma de organização do discurso, têm o potencial de criar um sentido de nós mesmos ao permitir que negociemos e construamos as nossas identidades sociais por meio dos eventos narrados[1].



Narrar é construir-se, e não podemos deixar que as narrativas, patrimônio imaterial importantíssimo para a construção das identidades sejam perdidas, eventos deste tipo deveriam ser realizados regularmente, digo, Rodas de lembranças e de preferência com a presença dos jovens para que as narrativas não desapareçam.



Sepetiba é um bairro localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro onde ocorreram muitos eventos memoráveis no que concerne a formação do nosso país e a construção/formação da identidade nacional[2], é por meio da história que as pessoas comuns procuram compreender as “revoluções” e mudanças por que passam em suas próprias vidas: transformações sociais, culturais, guerras, mudanças comportamentais, econômicas, mudanças tecnológicas etc. Através da história local, um bairro ou uma cidade procura um sentido para sua própria natureza em mudança, em constante transformação e assim estabelecem-se os vínculos, necessários para mobilização e conseqüente desenvolvimento social de uma comunidade, de um povo. Thompson (1992)



[1] MOITA LOPES, L. P. da . Discursos de identidades. Campinas: Mercado de Letras, 2003, 153.



[2] Vale dizer que a memória e a identidade podem perfeitamente ser negociadas, e não são fenômenos que devam ser compreendidos como essenciais de uma pessoa ou de um grupo, porém acreditamos que quando um determinado grupo de pessoas não se sente integrado a um contexto social, cultural ou histórico específico pode conhecer um sentimento de descontinuidade e de ausência de referência incomodo e, muitas vezes desorientador, é o que ocorre com alguns moradores do bairro entrevistados.

441 anos de Sepetiba - Comemorar e lembrar para evoluir?

 Texto publicado originalmente no site Ciranda Internacional de Informação Independente em : 6 de agosto de 2008  por Bianca Wild


No último dia 5 de julho algo inusitado ocorreu em Sepetiba, finalmente o aniversário do bairro que um dia seria elevado a grande província pelo então príncipe regente D. João VI foi devidamente comemorado



Toda história depende de sua finalidade social, por isso, alguns moradores mais antigos buscaram durante algum tempo transmitir de geração em geração pela chamada “tradição oral” ou pela ínfima crônica escrita a importante história do bairro de Sepetiba, hoje esse costume se perdeu, pois os moradores conhecedores e disseminadores da história do bairro infelizmente não estão mais entre nós, seus familiares mudaram-se para outros bairros e agora cabe aos historiadores profissionais essa divulgação, o que de fato não vem ocorrendo, pois falta interesse pela historicidade desta região específica, apenas o núcleo (NOPH) localizado no ecomusseu de Santa CRuz ainda interessa-se pelo assunto, e,as nossas crianças aprendem o que alguns educadores sem o estabelecimento de um projeto político pedagógico sério que envolva a comunidade, concluem que seja importante para o desenvolvimento das mesmas não dando a mínima importancia para a questão da identidade histórica da localidade.




Por meio da história as pessoas comuns procuram compreender as “revoluções” e mudanças por que passam em suas próprias vidas: transformações sociais, guerras, mudanças de regime, mudanças de atitude da juventude, mudanças tecnológicas etc. Por meio da história local, um bairro ou uma cidade busca sentido para sua própria natureza em mudanças, em constante transformação e os novos moradores vindos de fora podem assim adquirir uma percepção das raízes pelo conhecimento pessoal da história. Por meio da história política e social ensinadas na escola, as crianças são levadas a “compreender” e a aceitar o modo pelo qual o sistema político e social em que vivem acabou sendo como é, e de que modo a força e o conflito têm desempenhado e continuam a desempenhar um papel nesta suposta evolução, ou seja, a escola foi e ainda é como disse Gramsci, um aparelho ideológico do estado, onde permanece a imposição das ideologias dominantes.



No último dia 5 de julho algo inusitado ocorreu em Sepetiba, finalmente o aniversário do bairro que um dia seria elevado a grande província pelo então príncipe regente D. João VI foi devidamente comemorado, ocorrendo juntamente com o resgate da importância histórica do bairro uma grande ação social, muito embora alguns ainda tenham muito que aprender, pois não pudemos contar com a presença dos alunos da rede pública municipal de ensino para realização do desfile, devido a interesses particularistas e políticos, nossos alunos foram privados de fazer valer seus direitos como cidadãos moradores do local, não obtendo autorização para participarem do desfile em homenagem ao bairro, contudo, alunos de algumas escolas privadas do bairro não deixaram a data passar em branco e não só participaram do desfile que a frente contava com um dos moradores mais ilustres de Sepetiba, o “Seu Erasmo”, velho lobo do mar e ferrenho defensor das causas ambientais na região, como também visitaram os stands presentes na festa, como o da CORES, denunciando toda a degradação ambiental que há muito vem ocorrendo com a nossa baía, e com a região em geral, do GAPZO (CEDAE) mostrando como é realizado o tratamento da água que chega até os nossos lares e o stand sobre a história do bairro onde podíamos observar a partir da exposição de murais uma espécie de retrospectiva da importante história do bairro, bem como participaram da aplicação de flúor realizada pelo projeto RONDON dentre outras tantas atividades realizadas, além é claro do “parabéns” para Sepetiba, que teve direito a bolo, a premiação para os 15 desenhos mais criativos feitos pelas crianças presentes no evento e no final foram exibidas denúncias em forma de documentário sobre a situação calamitosa de nossa baía, como o documentário histórias de pescador dirigido por Ernesto Xavier e Clementino Júnior, onde a degradação da Baía de Sepetiba (RJ) é transmitida através da ótica do mais velho pescador da região, Seu Erasmo.



Cabe aqui ressaltarmos que no dia 2 de setembro de 2007 ocorreu em Santa Cruz um desfile cívico em comemoração pelos 440 anos do bairro, com participação integral de escolas dentre outras instituições, pois contava com o apoio do então prefeito César Maia e de seus “seguidores”, infelizmente em nossa região as coisas funcionam desta maneira, tudo é feito à base da conivência e da conveniência, ninguém está interessado no bem estar e satisfação dos moradores e admiradores do bairro. Não posso aceitar isso, claro que o bairro de Santa Cruz tem tanta importância histórica como o nosso, afinal a ponte mais antiga da cidade encontra-se lá, construída pelos jesuítas ainda no século XVIII, lá encontrava-se a fazenda real etc, porém estes patrimônios históricos foram mantidos e até certo ponto preservados, o que não ocorreu com nosso bairro, o cais, os fortes, a casa da esquina, a própria fachada da igreja de São Pedro inaugurada em 1895 se não me engano, nada disso foi preservado, aliás, me surpreendi ao ver que a grande maioria dos moradores não tinha conhecimento destes fatos, nem mesmo da tragédia de 6 de Setembro de 1893, o fuzilamento de 21 marinheiros na então ilha da pescaria, por que isto ocorre com esse bairro?.



Exaltar a memória local não é algo sem validade, sem relevância, é algo muito importante, pois possibilita aos moradores conhecer um pouco mais a localidade onde moram e assim valoriza-la devidamente, estamos em pleno século XXI, vivemos em um mundo pós-moderno, e, como a mesma caracteriza-se cabe perfeitamente neste pequeno desabafo, pelo aumento frenético da velocidade de informação, a compressão dos entendimentos de tempo e de espaço, bem como pelo desinteresse pela história e pelo resgate da memória e da identidade histórica de determinadas regiões, ocorre fragmentação e descontinuidade, e conseqüentemente desmobilização, que podemos perceber claramente no caso de nosso bairro, desinteresse das populações locais para com a questão da preservação de patrimônios históricos, culturais, e acredito que estas transformações estão conduzindo a sociedade ao estabelecimento da chamada “amnésia coletiva” (Hanna Arendt, 1968), trazer a memória a baila significa romper com o processo de alienação, em minha concepção, restituindo assim a identidade dos sujeitos históricos (Pacano), de acordo com Pacano, a memória enquanto reconstrução do passado no presente e/ou enquanto determinações do passado sobre o presente pode tanto “escravizar” como “libertar”, a lembrança e o esquecimento, manifestações da memória dos indivíduos, só adquirem real significado e mais amplo se analisados na especificidade do contexto histórico de sua construção passada e de sua narração presente.



Como conseqüência, debruçar-se sobre a memória não significa a reconstrução integral de como teria sido o passado, pois este já foi, mais sim a presença deste no presente, consciente ou inconsciente (Pacano). Observa-se como os moradores de Sepetiba foram manipulados e, até hoje o são, pelas autoridades que nunca se interessaram pelo resgate da história local, visando apenas eleger-se e/ou algum outro tipo de vantagem sobre os indefesos, despolitizados e muitas vezes alienados moradores de Sepetiba. Segundo Pollak podemos dizer que a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua construção de si, acredito que a maioria dos males causados ao bairro de Sepetiba e conseqüentemente a sua população estão relacionados direta ou indiretamente ao fato de que a grande parte da população local não possui este sentimento de continuidade e de identidade com o local, direcionado é claro a importância histórica do mesmo. É muito triste concluir que não ouve interesse por parte das autoridades e dos moradores responsáveis (líderes)em manter essa história viva, não é justo que isso ocorra com nosso bairro, que nossas crianças e adolescentes tenham vergonha de dizer que moram em Sepetiba, porque são expostos a exclusão social e cultural total, a péssimas condições de transporte e não possuem nenhum motivo para orgulharem-se de morar neste Oásis em meio a toda correria do mundo urbano.



Por isso este evento foi realizado, objetivando o resgate de nossas raízes, da auto-estima dos moradores e, é claro ao contrário do que alguns nos disseram, temos sim o que comemorar, pois mesmo em meio a todo descaso, degradação e esquecimento, alguns ainda lutam fervorosamente por nosso bairro, buscam enaltece-lo, eleva-lo, melhorar as condições de vida dos moradores, conscientizar as crianças e adolescentes, e mesmo com tudo isso, se nos dirigirmos a praia de Sepetiba, em um belo dia sol, no final da tarde, podemos ver como ainda é bela muito embora tão degradada e o porque de a família real e a elite carioca ter escolhido este recanto por muito tempo como seu balneário preferido.

A história perdida de Sepetiba

Texto publicado originalmente no site Ciranda Internacional de Informação Independente em: 26 de novembro de 2007  por Bianca Wild



Busco neste texto demonstrar a relevância e importância da realização de uma pesquisa que procure justificar, ou melhor, explicar a descaracterização, a perda da história do bairro de Sepetiba, localizado no município do Rio de Janeiro/RJ tendo sua fundação datada do dia 5 de julho de 1567 com a chegada dos índios Tamoios.




Acredito ser necessária uma explicação ao menos para o desaparecimento “misterioso” de algumas construções de importância histórica não apenas para a localidade, mas sim, para o país, localizadas neste bairro, e também para o silenciamento no que concerne a disseminação da importância histórica do bairro, nas escolas locais em geral não se faz menção ao fato e muito menos se busca resgatar a identidade histórica do local.



Em uma de minhas tentativas em encontrar informações relevantes sobre o bairro não obtive muito sucesso, claro que me refiro aqui a uma busca superficial, e não à nível de pesquisa científica; pesquisei na internet e não encontrei muita coisa além de algumas fotos equivocadas , pois retratavam imediações como a praia da brisa e pedra de Guaratiba, que não fazem parte do bairro, claro que encontramos também fotos e vídeos do local, mas em número muito pequeno, também encontrei textos sobre o bairro de santa cruz e sua história, com menções muito superficiais ao bairro de Sepetiba, e finalmente encontrei a lei sancionada pelo vereador Jerominho onde ficava estabelecida a data de aniversário do bairro em 5 de julho, e a nível de produção literária, pesquisa etc, a única publicação que encontrei foi a obra de autoria de Alcebíades Francisco Rosa, além disso se conversarmos com os moradores do local, mesmo os mais antigos podemos notar que muito do que se sabe sobre a história do bairro acabou se perdendo, pois foi transmitida somente por meio da tradição oral.



O que mais me deixa indignada é o fato de que Sepetiba deveria ter sido reconhecida como segundo município do Rio de Janeiro devido a sua fundação datar de 1567, pelos índios tamoios.



O então príncipe regente D. João VI, reconheceu a área e terminou por baixar um decreto lei em 26 de julho de 1813, onde no mesmo ficava estabelecida a doação das terras correspondentes à área de Sepetiba aos antigos moradores (pescadores e lavradores), dividindo a terra em sítios; porém segundo Alcebíades Rosa, um dos “sitiantes” acabou perdendo suas terras em uma mesa de jogo, de um dos cassinos pertencentes a uma família conhecida como “Monastere”, que ficou com a posse do sítio, e desonestamente tentou o desmembramento das terras incluindo toda a área de fundação de Sepetiba, no processo conhecido como “Fazenda Piaí”; o paço imperial negou o recurso impetrado por tratar-se da área preservada pelo decreto lei de 26 de julho de 1813. De acordo com Alcebíades Rosa, não se sabe ao certo as razões pelas quais o antigo domínio da união “departamento de terras da união”, não se manifestou à respeito, deixando ocorrer na região de Sepetiba vários negócios ilícitos com as terras a partir de conivências cartoriais.



Talvez se Alcebíades Rosa não tivesse escrito esta obra sobre a história de Sepetiba, não teríamos conhecimento destes acontecimentos, muito embora que mesmo sendo de extrema valia, “a história de Sepetiba” ainda é muito superficial, acredito que talvez pela falta de fontes de pesquisa já que o livro por completo foi baseado em entrevistas, relatos de moradores antigos.



Alcebíades Francisco Rosa defende em sua obra a hipótese de que o progresso do bairro foi afetado por falta de pulso por parte dos órgãos federais no que diz respeito à lei imperial e ressalva que se não fossem os pescadores e lavradores, antigos moradores do local e o professor oficial da marinha Antonio Cerqueira Fontes (ocorrendo aqui uma dúvida, pois ao final do livro o autor agradece ao professor oficial da marinha “Arandu” de Cerqueira Fontes), ele mesmo jamais poderia ter concluído esta obra, pois ninguém saberia desta parte específica da história de Sepetiba; isto porque segundo o autor o desejo dos antigos republicanos era que Sepetiba se tornasse um local esquecido, desconhecido de todos, com o objetivo de esconder as atrocidades realizadas por eles neste local.



De acordo com Francisco Rosa, D. João VI e a corte foram convencidos a visitar Sepetiba pelos padres da companhia de Jesus e após percorrer o litoral decidiu que o mesmo seria apropriado para a navegação; e ordenou a construção de um cais, na localidade conhecida como “ilha da pescaria” e de duas pontes ligando a ilha ao continente, e antes mesmo da inauguração do cais e das pontes, três vapores foram utilizados para o transporte de carga e passageiros entre Sepetiba e o porto de Santos, e assim o príncipe regente elevou Sepetiba a condição de província, o que nunca havia aprendido na escola, ou melhor nunca havia ouvido falar.



Outro fato muito confuso e misterioso é que D, João VI havia mandado que fossem construídos dois fortes, o primeiro chamou-se de “Forte de São Pedro” localizado no morro de Sepetiba, na época conhecido como “mirante”, onde hoje encontra-se o radar da base aérea de santa cruz, o segundo forte chamou-se “São Leopoldo”, construído no então “morro do Piranga” hoje conhecido como Ipiranga localizado na divisão entre a praia de D. Luiza ( Recôncavo ) e a praia do Cardo, a dúvida e/ou o mistério: Por que não houve interesse em manter-se erguida as construções? Ou mesmo no caso de terem sido parcialmente destruídas e/ou estarem danificadas pelo tempo, em condições ruins, porque não mantê-las ali, em seu local de origem? Porque não nos restaram ao menos ruínas? Pedaços? Nada que nos remeta aos fortes antes ali existentes? Ou ao Cais?



O fato de que a família real freqüentava Sepetiba durante o verão, possuía uma área de lazer onde se encontra hoje a praça Washington Luiz, quase nunca é mencionado, em Sepetiba eram realizadas belíssimas touradas com toureadores vindos diretamente da Espanha, também eram realizados saraus maravilhosos etc., Também não se divulga o fato de que o conhecido Visconde de Sepetiba (Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, nascido em Niterói,que foi um juiz de órfãos e político brasileiro.Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, deputado geral, presidente das Províncias de São Paulo e do Rio de Janeiro, ministro da Justiça (1840) e dos Negócios Estrangeiros (1841), e senador do Império do Brasil de 1843 a 1855. Líder do chamado Clube da Joana, exerceu enorme influência sobre o Imperador D. Pedro II no início de seu reinado), possuía uma casa (Casa da Esquina) no bairro de Sepetiba que confrontava com a colônia Z15 (pescadores). Com o advento da proclamação da república em 1889, as coisas começaram a modificar-se bastante para Sepetiba, segundo Alcebíades Rosa, insurretos da revolução armada ocorrida em santa Catarina, estavam a bordo de um navio a caminho do Rio de Janeiro que teria sido atingido justamente na praia de Sepetiba ao cruzarem a baía (o nome deste navio no livro de Alcebíades Rosa consta como “Custódio de Mello” o que é impossível, pois o primeiro navio lançado ao mar com este nome data do ano de 1954, e além disso o referido almirante Custódio de Melllo ainda estava vivo, logo não poderia receber homenagem póstuma e teria participado da revolução da armada), os tripulantes teriam sido presos, levados para a chamada ilha da pescaria e fuzilados, sabemos disso por intermédio de Alcebíades Rosa e dos relatos dos moradores mais antigos dados a ele, que talvez não estejam mais entre nós, a questão é: Será verdade? Existem inúmeras histórias envolvendo Sepetiba, e até mesmo esta obra de Alcebíades não possui muito respaldo histórico, pois é basicamente composta por relatos de moradores antigos, não possuí ao menos referências bibliográficas, anexos de documentos etc.



Sepetiba ao que tudo indica possui uma história rica, repleta de acontecimentos importantes para a formação do país, a história desta localidade precisa ser resgatada, contada, e assim estimular-se à auto estima dos moradores desse bairro que um dia seria província, julgo primordial esse resgate e a realização de uma pesquisa que busque comprovar e descobrir as verdades, causas, historicidade etc deste local e uma explicação para o tamanho descaso para com a identidade histórica de Sepetiba, acredito ser muito importante a disseminação de um estudo (pesquisa) sobre esta descaracterização e destruição da historicidade local para os estudantes não só do curso de história mas também de outros cursos moradores da zona oeste e é claro para a população local, pois uma história não pode ser esquecida, apagada, destruída desta forma, sem constrangimentos, sem motivos, causas ou culpados a serem apontados. Bianca Wild



Links interessantes:



http://emendasesonetos.blogspot.com/2007/10/estrada-real-de-santa-cruz.html



ttp://www.ihp.org.br/docs/fprl20001001t.htm



http://www.unicamp.br/iel/memoria/base_temporal/Historia/index.htm



http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/l4pa1027.htm



http://www.brown.edu/Facilities/John_Carter_Brown_Library/CB/indexes/laws_1813_p1.html



http://www.brown.edu/Facilities/John_Carter_Brown_Library/CB/1813_docs/L10_p01.html